Infectologista esclarece dúvidas sobre gripe
O Ministério da Saúde divulgou a prorrogação da 14ª Campanha de Vacinação Contra a Gripe para o dia 1º de junho. Já foram imunizados cerca de 15 milhões de brasileiros, o que corresponde a 65,5% da meta da campanha, que pretende atingir 24 milhões de pessoas.
Ainda alvo da desconfiança por conta de vários mitos criados pela população, a vacina visa imunizar contra gripes sazonais e a influenza A (H1N1). Para esclarecer as principais dúvidas, a infectologista Adriane Cruz, do Hospital Quinta D’Or, respondeu as perguntas mais recorrentes sobre a vacina:
Por que a vacinação contra a Gripe A é direcionada somente aos idosos e crianças entre seis meses e dois anos de idade? Não existem riscos de acontecer uma epidemia no restante da população, que representa a maioria?
Este o grupo que detém a maior possibilidade de desenvolver forma graves de influenza, assim como gestantes e portadores de doença crônica. Infelizmente, não há disponibilidade de doses para toda a população. Não há produção capaz de contemplar a população de um país com proporções continentais como o nosso.
Fora do período de campanha, como as pessoas podem fazer se quiserem se vacinar contra a gripe? Nesse caso, todas as faixas etárias podem ser imunizadas?
As doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde são direcionadas ao público-alvo. Outra possibilidade de aquisição é procurar as clínicas privadas de vacinação.
Quais são as contraindicações da medicação presente na vacina? Existe alguma restrição para pessoas adoentadas?
As contraindicações são para quem tem história previa de anafilaxia (alergia grave) ao ovo ou outros componentes da vacina. Em pessoas com doença febril aguda, de moderada a severa, a vacinação deve ser adiada até o desaparecimento dos sintomas.
Por que pessoas a alérgicas a ovo não podem tomar a vacina?
Esta e algumas outras vacinas possuem, em sua composição, proteínas como a ovoalbumina, agente causador da anafilaxia (alergia grave) ao ovo.
A que fato são atribuídos os relatos de supostas reações semelhantes à gripe de pessoas que receberam a dose?
Febre, mal-estar e mialgia podem aparecer de 6 a 12 horas após a vacinação, persistindo por 1 a 2 dias. Essas manifestações são mais frequentes em pessoas que não tiveram contato anterior com os antígenos da vacina e não contraindica doses posteriores.
Além de febre e vermelhidão, que outras reações podem se manifestar?
Menos frequentemente são descritos sintomas gerais como náusea, cansaço, cefaleia e calafrio.
Qual é o grau de risco de contração da doença para quem foi protegido com a vacina? E por quanto tempo ela é capaz de evitar o contágio?
Estudos mostram que a proteção em crianças e adultos saudáveis pode ser de até 70-90% e pode reduzir a necessidade de hospitalização por pneumonia em maiores de 60 anos em até 70%. E deve ser repetida anualmente, com a recomendação dada pela Organização Mundial da Saúde.
A vacina contra Influenza A combate outros tipos de gripes e resfriados?
A vacina utilizada é a trivalente contra o vírus influenza.
Que medidas podem ser tomadas para evitar a contaminação da gripe A?
Evitar aglomerações, ambientes fechados e pouco ventilados e, sobretudo, intensificar a lavagem das mãos.
Quanto tempo leva para que a vacina comece a fazer efeito?
A detecção de anticorpos protetores é dada de 1 a 2 semana após a vacinação, com pico máximo após 4 a 6 semanas. Os níveis declinam com o tempo, se apresentando até 2 vezes menor após 6 meses.
Quais são as diferenças existentes entra a Gripe A e a gripe comum?
Na gripe comum a febre é baixa, a cefaleia tem menor intensidade, o cansaço e as dores musculares são moderadas. Há Tosse com secreção, congestão nasal e muita dor de garganta também são outros sintomas. Já na influenza A, a febre tem inicio súbito, é alta, com dor de cabeça intensa e cansaço significativo. A tosse é seca, sem secreção.
Quem estiver gripado e tomar a vacina pode potencializar a doença?
As contraindicações à vacina, além dos alérgicos a ovo, servem para as pessoas com doença febril aguda, de moderada a severa, que pode ser um sintoma de gripe. Nesse caso, a vacinação deve ser adiada até o desaparecimento dos sintomas.
Por que as mulheres grávidas têm maior risco de desenvolver formas graves de doença?
No período da gestação, as mulheres ficam mais suscetíveis a infecções que a gripe pode potencializar.
Pessoas que tomam a vacina pegam gripes mais leves ao longo ano?
A vacina protege, mas não tem eficácia de 100%.
Quando a vacina é tomada todo ano ela corre o risco de perder a eficiência?
Não. Os vírus sofrem mutações todos os anos e o Ministério da Saúde está atento a estas mudanças. Além do mais, é recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) a vacinação todos os anos contra o vírus influenza.
Por que crianças com menos de seis meses não podem tomar vacina?
Os estudos foram realizados em pessoas a partir de 6 meses, uma vez que existe influência dos anticorpos maternos na imunidade do recém-nascido. Somente após os 6 meses, que é quando o bebê começa a perder a proteção que recebia do corpo da mãe (na placenta materna) é que é recomendável a aplicação.